“O ato de escrever é prazer, diversão. É a
sensação de poder, de domínio. Criar gente, fabricar fantasias, inventar
cidades, dar vida e dar morte, criar um terremoto ou furacão, fazer o que eu
quiser. Escrever é um jogo, brincadeira. Conseguir segurar, prender uma pessoa,
mantê-la atrelada a si (é o leitor diante do livro: sua sensação divina).”
Ignácio de Loyola Brandão
Pesquisas
recentes apontam que o jovem brasileiro não lê. Escutamos da mesma forma, nas
conversas diárias, esta constatação. Porém, ao olharmos algumas redes sociais e
blogs, percebemos que o jovem brasileiro lê sim. Lê e também
escreve.
Através das
chamadas “Fanfics”, jovens, crianças e também adultos escrevem continuações de
suas histórias preferidas em colaboração com outras pessoas. Fanfics são
produções escritas em que, através da internet, são criadas continuações para
livros ou histórias para personagens secundários no enredo destes mesmos
livros, dentre outras possibilidades de criação. Muitas são as criações
escritas de histórias para continuação de séries de livros infanto-juvenis
como, por exemplo, continuações para Harry Potter, Crepúsculo, Senhor dos
Anéis, Jogos Vorazes, etc. Todas estas criações são feitas via sites de relacionamento,
como o Orkut, e também via blogs. Muitas vezes, os participantes destas
comunidades de fãs, criadas nos sites de relacionamentos, escrevem em conjunto
a continuação para a história. Assim, surge uma interação, criando-se uma
escrita colaborativa.
Desde o inicio
da humanidade, histórias já foram contadas muitas vezes e de várias maneiras.
Todavia, com a internet há uma grande aproximação de pessoas com interesses
semelhantes. Burke(apud Amaral, 2010 p.421) nos diz que:
Considerando que histórias já foram contadas
de diversas maneiras possíveis através da colaboração entre as pessoas, não há
como negar que, com o advento das novas tecnologias, o processo se intensificou
e atingiu grandes proporções (BURKE; BRIGGS; 2006).
O surgimento e
a popularização da internet possibilitaram, deste modo, uma comunicação de
pessoas que partilham os mesmos objetivos, proporcionando, assim, uma troca de
informações e experiências. A internet tornou possível a criação de ferramentas
que facilitam a produção e troca de textos pelos internautas, operando como elo
entre essas pessoas. Por estas razões, a internet exerce papel fundamental nas
criações. Aquino(2010, p.422) fala a respeito da importância da internet,
citando o caso da criação feita por adolescentes de um jornal online para um
jornal fictício. Este jornal fictício faz parte da narrativa do livro Harry
Potter:
“A internet tem papel de destaque, pois poderia ser impossível para
uma criança encontrar, em seu círculo social, alguém disposto a criar uma
versão online do jornal fictício de Harry Potter. Por meio da internet, estas
crianças (centenas, milhares delas) tiveram a possibilidade de não só se
conhecer, mas de realizar ações em conjunto e disseminar a cultura de
colaboração.
Desse modo,
temos, através da internet, acesso a muitos pontos de vista, ao contrário da
televisão. Ao assistir televisão o espectador assiste apenas ao ponto de vista
dos produtores de determinado canal. O telespectador não interage, ficando
condicionado apenas ao que o canal deseja que ele assista. Já pela internet
podemos ter acesso a múltiplos pontos de vista, a muitas versões de uma mesma
história. E, além disso, o internauta pode emitir a sua opinião, dialogar e
também criar.
Por fim, percebemos
que pela criação das Fanfics os adolescentes aprendem a dialogar e se
relacionar uns com os outros, exercitando, em caso de escrita colaborativa, o
trabalho em grupo e a interação. Muitas destas iniciativas de criação estão
disponíveis para acesso na internet. Um dos seus objetivos é a união de
pessoas, em especial jovens e crianças, que desejam produzir conteúdo
relacionado às obras que mais gostam. Algumas das sagas, como Harry Potter e
Crepúsculo, já chegaram ao fim. Entretanto, nas comunidades criadas em redes
sociais, todo dia jovens criam novas histórias que fazem a história original
manter-se viva.
Referências Bibliográficas:
AMARAL, Adriana; AQUINO, Maria Clara; MONTARDO, Sandra Portella. Perspectivas da pesquisa em comunicação digital. São Paulo: INTERCOM, 2010
POR: João Pedro Rodrigues Santos
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